NBA: Timberwolves superam desconfiança e Karl-Anthony Towns vira peça-chave para título inédito

Eduardo Barão | 22/05/2024 - 17:13

Ele não é o cestinha do time. Também não é o maior reboteiro, nem o que dá mais assistências. Mas Karl-Anthony Towns é o nome a ser reverenciado após o Jogo 7 das semis do Oeste, entre Minnesota Timberwolves e Denver Nuggets. Jogo esse que o time visitante, diante do atual MVP da liga e da equipe campeã da última temporada, chegou a ficar 20 pontos atrás no placar.

Os Wolves foram para o intervalo perdendo por 53 a 38. O primeiro tempo havia sido um desastre ofensivamente: Edwards (1 acerto em 7 tentativas), Conley (1 de 7), Rudy Gobert (0 de 3) e Alexander-Walker (0-5) combinaram para 2 acertos em 22 arremessos, totalizando 10 pontos. Mas Towns e McDaniels mantiveram o jogo sob controle, somando 26 pontos entre eles. Isso manteve o time no jogo o suficiente para conseguirem se ajustar no intervalo e escalar o placar na volta.

Ao lado de McDaniels, Towns foi o cestinha dos Wolves no jogo 7, anotando 23 pontos, 12 rebotes, roubando duas bolas e bloqueando uma. Só que mais importante que isso, foi peça fundamental na defesa contra Nikola Jokic. O sérvio terminou a partida com 34 pontos, mas com aproveitamento de 46,4% (13-28), muito abaixo de sua média nesses playoffs, de 54,5%.

Poderia Karl-Anthony Towns ser um grande ídolo em Minnesota?

Escolha número 1 do Draft de 2015 pelos Wolves, Karl-Anthony Towns foi eleito Novato do Ano por unanimidade – feito esse repetido apenas este ano, com Victor Wembanyama. Desde 2015, Towns já teve seus altos e baixos: chegou aos playoffs apenas uma vez em suas seis primeiras temporadas, viu o time sofrer cinco temporadas de mais derrotas que vitórias, como em 2019-2020, quando um 19-45 praticamente garantiu a franquia outra escolha número 1 no Draft, também bem aproveitada com Anthony Edwards.

— Estou aqui há nove anos, falando sobre querer vencer e fazer algo especial por essa organização. Todos os fracassos, e tudo que se materializou e aconteceu, todas as decepções nos trouxeram até aqui — disse Karl-Anthony Towns em entrevista recente.

Vocês se lembram da fábula do menino que gritava Lobo? Era um garotinho solitário que gritava “Lobo, lobo” para assustar as pessoas e talvez fazer amigos, mas que no fim não era verdade e ele acaba ridicularizado. Imagino que era assim que a torcida dos Timberwolves se sentia cada vez que a franquia prometia um novo astro. Começou lá atrás, quando Kevin Garnett foi para os Celtics, e o Minnesota ficou com Al Jefferson.

Depois, a promessa de Kevin Love, vindo de Cleveland. Ricky Rubio, Andrew Wiggins, D’Angelo Russell, Jimmy Butler – todos com a esperança de colocar os Wolves de volta ao mapa como equipe a ser temida. Como um lobo na floresta. Mas como o menininho da história, a realidade foi outra. Até agora.

Com Karl-Anthony Towns mais maduro, Anthony Edwards cestinha, Rudy Gobert Defensor do Ano, e as contribuições valiosas de Mike Conley, Nickeil Alexander-Walker e Naz Reidall, os lobos estão de volta às Finais de Conferência.

Hoje, o Minnesota é a única franquia da NBA invicta em Jogos 7 (2-0). A primeira vitória veio há 20 anos, na semifinal de conferência de 2004, contra o Sacramento e Kevin Garnett foi o cestinha na ocasião. Desde então, o Minnesota não chegava às Finais do Oeste. E se passar pelo Dallas agora, chegará pela primeira vez na história às Finais da NBA. 

O lobo, finalmente, está solto.

Escrito por Eduardo Barão
Eduardo Barão é jornalista, radialista, escritor e palestrante brasileiro, com mais de 20 anos de experiência. Atualmente, é correspondente internacional do Grupo Bandeirantes de Comunicação nos Estados Unidos. Apaixonado por esporte, cobriu nos ginásios as últimas finais da NBA.