O Detroit Lions perdeu os playoffs nas duas últimas temporadas, o que não é trágico. Tem bons valores espalhados pelo elenco, algo que muitos não podem dizer o mesmo. O quarterback não é péssimo e nem ruim. Seu head coach tem alguns dedos ocupados por anéis que venceu como coordenador defensivo.
Talvez esse seja o problema dos Lions. O time está preso no meio-termo, a pior situação possível nos esportes americanos. Você nem disputa o título e nem é ruim o suficiente para limpar tudo, ter a primeira escolha do Draft e espaço na folha salarial. E aqui estamos para mais uma temporada que começa.
Categoria: Eu tenho que assistir?
Campanha em 2018: 6-10
Projeção para 2019: 6-10
O que me faz sorrir: Kerryon Johnson em um ataque que mudará
O que me faz ter calafrios: não gosto do plano de longo prazo
Por isso os Lions estão na mesma categoria que os Dolphins, mesmo que estes sejam muito piores. Os Dolphins nós sabemos que vão ser horríveis este ano. Só que há um plano claro. É claro que eu acho que Matt Patricia e Bob Quinn têm algo em mente, afinal não são idiotas ou criadores do Quinto Quarto. Mas talvez esse plano deveria envolver uma limpeza geral, continuando a tendência iniciada com Glover Quin.
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O que me faz salivar (mais do que bolo de chocolate)
Depois de anos sem peso na posição de running back, Kerryon Johnson chegou para honrar um pouco uma posição que foi ocupada por Barry Sanders. Foram quatro TDs em sua temporada de calouro, o que pode parecer pouco, mas se justifica pela lesão que teve. O mais chocante é o seguinte: Johnson teve dois jogos com mais de 100 jardas. Sabe quantos jogadores tiveram um jogo com mais de 100 jardas terrestres pelos Lions de 2014 até 2018? Zero.
Se já deu para perceber que eu não sou um grande fã do que os Lions trazem para 2019, pelo menos tenho alguma curiosidade em ver que a ideia de ataque está mudando um pouco. Chega de botar o peso nas costas de Stafford e ficar esperando o próximo Megatron. Os Lions este ano vão correr com Johnson e C.J. Anderson, vão bloquear e tentar dominar na fisicalidade com T.J. Hockenson sendo importante já no seu ano de calouro.
A maior mudança nesse sentido é fora de campo, aliás. Sai Jim Bob Cooter e entra Darrell Bevell, por anos coordenador ofensivo em Seattle, onde o time abusava de Marshawn Lynch e soltava a big play em doses homeopáticas. Só não olhem o que Bevell fez no fim do Super Bowl XLIV (risos).
Marvin Jones e Kenny Golladay são bons recebedores, mas não vão precisar carregar a equipe. Danny Amendola aos 33 anos é o toque New England e veremos se ele ainda tem algo a apresentar. Matthew Stafford não precisará fazer tanto, mas com certeza cada passe seu será micro-analisado e ele pode não fazer parte do futuro próximo dos Lions caso não passe no teste.
O que me deixa com nojo (mais do que a mão do Joachim Löw)
Aqui tenho que deixar claro de novo: não é que os Lions não tenham talento. E provo isso rapidamente: Damon Harrison é um dos melhores neutralizadores de jogo corrido rival há anos. Darius Slay passou de ser o dono de um apelido exagerado para ser realmente ‘Big Play Slay' e Pro Bowler em dois anos consecutivos. O linebacker Jarran Davis foi o único jogador na NFL a ter mais de 100 tackles e pelo menos seis sacks em 2018. E ainda temos Trey Flowers chegando, com um contrato enorme mas toda a expertise em vitórias e como ser um bom soldado em New England.
Mas se a equipe assina por 90 milhões com Trey Flowers é porque espera que ele passe de jogador importante para estrela. Slay está no seu auge agora. Harrison talvez já esteja no final dele. Já vimos o melhor de Matthew Stafford? A queda de 700 jardas e sete TDs que ele teve de 2017 para 2018 podem sugerir que sim, apesar de a linha ofensiva carregar parte dessa culpa.
Marvin Jones chegou com um contrato grande, mas justificou em seu primeiro ano. No segundo ele se machucou no joelho. Tem gasolina nesse tanque para ser um recebedor de elite ou pelo menos respeitável como número 1? Porque Golladay mostrou flashes como rookie, mas disso para ser a primeira opção constante há uma distância.
Acho que o plano no ataque é interessante. A defesa tem bons valores. Mas a timeline desse elenco é completamente misturada. E, se este ano for ruim, eu acho que o time tem que seriamente pensar em negociar seus jogadores ainda com valor, focar completamente em achar um QB novo – não precisa ir para o tank, Mahomes foi a 10ª escolha – e montar um plano em que o núcleo do time cresça junto por pelo menos dois anos.
Para me amar ou me xingar (o porquê da minha projeção para a temporada)
O primeiro jogo pode ser vencido, afinal o Arizona Cardinals está iniciando uma nova fase e deve patinar no início. Mas os três jogos seguidos são brutais, com duas derrotas em casa não sendo nada improváveis. O bye logo na semana 5 pode vir com o time 1-3.
É difícil não pensar nos Lions como quarta força, mas os Packers são também um pouco imprevisíveis e roubar uma vitória dos outros dois times não é ridículo de pensar. Os duelos com Giants e Bucs em casa podem ser aproveitados e não acho que os Cowboys repetem 2018. Por isso acredito que o Detroit Lions pode chegar a seis ou até sete vitórias, mas não acho que mais uma temporada do gênero seja positivo. O melhor seria ter começado o desmanche já nesta offseason.
Liguem para o Oakland Raiders e ofereçam Matthew Stafford. Duvido que não venha uma escolha de segunda ou até primeira rodada em troca.