Joe Flacco ficou no passado (e cercado de perguntas sobre se ele é da “elite” dos QBs ou não). Lamar Jackson é o presente e o futuro. E, com ele, o Baltimore Ravens tem uma espécie de ‘Michael Vick anabolizado’ (calma, no melhor sentido da palavra) que promete ser a alma dessa nova era do ataque da franquia de Maryland.
Jackson é um quarterback extremamente dinâmico e que fez muitos torcedores dos Ravens sorrirem na segunda metade da temporada 2018. Contudo, para se dar bem na National Football League, também é necessário saber fazer a bola oval voar.
É isso que vai determinar o sucesso ou não do ataque dos Ravens em 2019.
Categoria: Buscando um motivo para sorrir
Campanha em 2018: 10-6
Projeção para 2019: 8-8
O que me faz sorrir: Lamar Jackson e sua versatilidade
O que me faz ter calafrios: a defesa e o grupo de WRs foram desmontados
Depois que Flacco foi para o banco de reservas no ano passado, muita gente olhou com bastante desconfiança para Jackson. Lançaram aquele olhar de quem não quer atender o vendedor de abacaxi que toca sua campainha nas manhãs de domingo (tão interiorrr esse exemplo, não?).
Mas o camisa 8 resolveu mandar um salve. Usando as pernas.
Em 16 partidas na temporada passada (sendo apenas sete como titular), o calouro correu 147 vezes (recorde para um QB na história da NFL) para 695 jardas e cinco touchdowns. Pelo ar, as coisas não foram tão boas (58,2% dos passes completados para 1.201 jardas, seis touchdowns e três interceptações), e é isso mesmo que ele precisa melhorar neste ano.
Ainda assim, o estrago com as defesas adversárias estava sendo feito. E a vaga nos playoffs veio.
Entretanto, a temporada terminou de forma melancólica, com os Ravens caindo para o Los Angeles Chargers por 23 a 17, na rodada de wild card da AFC. Naquele jogo, Lamar terminou com 14 passes certos de 29 para 194 jardas e uma interceptação, sofreu sete sacks e perdeu um fumble.
Neste ano, os Ravens novamente vão atacar mais pelo chão e vão explorar esse velociraptor que é Jackson. É no jogo aéreo que moram os problemas. Mas sobre isso vamos falar um pouco mais em um dos tópicos abaixo.
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O que me faz salivar (mais do que bolo de chocolate)
Esse ataque tem tudo para ser estilo college football. Na metade final da temporada passada, os Ravens inovaram nas formações e confundiram os coordenadores defensivos e defensores adversários. O resultado? Seis vitórias em sete jogos de Jackson como titular.
E, novamente neste ano, o ataque será bastante focado no jogo terrestre. É o momento de os saudosistas comemorarem correndo com suas pochetes e casacos cheirando à naftalina. Brincadeirinha, nem é old school esse ataque de Baltimore.
E as corridas não serão só com Jackson não. A expectativa sim é a de que o QB tenha umas boas carregadas de bola, mas o backfield ofensivo empolga, com Mark Ingram, ex-astro do New Orleans Saints, chegando para ser o principal nome. O protagonista que ele não era mais com Alvin Kamara entre os membros do grupo que ficava posicionado atrás de Drew Brees.
E ainda temos o bom e jovem Gus Edwards (718 jardas e dois TDs em 2018) para complementar o grupo.
Todo esse jogo terrestre será apoiado por uma linha ofensiva que tem nomes interessantes como o excelente guard Marshal Yanda e o left tackle Ronnie Stanley.
Ingram, aliás, foi a única real contratação dos Ravens para seu ataque por meio da free agency.
A linha defensiva também não é de se jogar fora. Longe disso. Michael Pierce, Brandon Williams e Chris Wormley podem conter o jogo terrestre e ainda criar pressão no pocket. E o papel deles no front seven será ainda mais importante considerando que o corpo de linebacker foi desmontado.
Mas, além desses pontos já mencionados, o que eu gosto nos Ravens é dos special teams. E isso quase sempre foi uma virtude dos times de John Harbaugh. Lembrem-se que, antes de ser o espetacular head coach dos Ravens, ele foi coordenador de special teams em vários níveis, entre eles no Philadelphia Eagles (1998 a 2007).
Justin Tucker é o melhor kicker da NFL, sem sombra de dúvidas. Absolutamente confiável e ainda tem um gogó de ouro. Não sei no que isso ajuda, mas quis mencionar. Sorry.
Sam Koch é um BAITA DUM PUNTER DIGA-SE DE PASSAGEM e, mesmo com certa queda de produtividade nos últimos anos, ainda merece elogios.
E, assim, os Ravens chegam em 2019 com armas para causar.
O que me deixa com nojo (mais do que a mão do Joachim Löw)
Quero iniciar este tópico falando sobre a defesa. Vou citar as peças que os Ravens perderam (e ainda é bem capaz que eu esqueça de alguma delas).
Saíram os pass rushers Terrell Suggs (a alma dessa defesa) e Za’Darius Smith, dois dos três jogadores do time que tiveram mais de 5,5 sacks no ano passado. C.J. Mosley, um dos melhores inside linebackers da liga, rumou para o New York Jets.
E o safety Eric Weddle (o cérebro defensivo) foi cortado, em uma decisão absolutamente intrigante para mim. Menos mal que Earl Thomas veio de Seattle. Ele é espetacular, mas vem de uma temporada abreviada por uma grave lesão na perna.
Isso sem falar no defensive lineman Brent Urban, que também não ficou e foi para o Tennessee Titans.
Ah, mas os Ravens souberam trazer peças de reposição, não é mesmo? Esse é o problema: em grande parte, não.
Chegaram o pass rusher Pernell McPhee, o cornerback Justin Bethel e o linebacker Jaylon Ferguson foi escolhido na terceira rodada do draft.
Basicamente isso. O que significa que nomes como os linebackers Patrick Onwuasor e Kenny Young terão que aparecer de imediato.
Menos mal que a secundária tem nomes importantes como o já citado Thomas, Tony Jefferson, Marlon Humphrey e Jimmy Smith, o que pode colocar esta unidade entre as melhores da NFL se o front seven aparecer de alguma maneira.
Triste também é a situação do corpo de wide receivers. Mamãe do céu.
Foram para a rua John Brown e Michael Crabtree. Chegaram Marquise Brown (primeira rodada do draft), Miles Boykin (terceira rodada) e Seth Roberts (free agency). Mas foi só isso e o grupo não é nenhum primor.
Considerando que Lamar Jackson já terá muito o que evoluir nos passes por conta própria, um grupo desses não ajuda muito.
Para me amar ou me xingar (o porquê da minha projeção para a temporada)
Olhe para a tabela dos Ravens. Olhe mais uma vez. E outra.
Dá um certo medo, não?
Não nas duas primeiras semanas, quando o time pega Miami Dolphins (fora) e Arizona Cardinals (casa). Contudo, a partir daí, é só pedrada.
Kansas City Chiefs (fora), Cleveland Browns (casa), Pittsburgh Steelers (fora), Cincinnati Bengals (casa) e Seattle Seahawks (fora). Tudo isso nas próximas cinco semanas, antes da bye week. É perfeitamente plausível os Ravens terem só uma vitória nesse grupo e irem para a folga com 3-4.
As coisas não melhoram muito na segunda metade da temporada.
Tem New England Patriots, Houston Texans, Los Angeles Rams, New York Jets. Além de Browns e Steelers de novo.
Pensando nisso, acho que um 8-8 tá de bom tamanho. Contudo, com Harbaugh, pode até rolar umas nove vitórias. Não mais do que isso.
Formado em jornalismo em 2013 pela Cásper Líbero, é um dos fundadores do Quinto Quarto e é editor de NFL. Apaixonado por esportes e por música, não necessariamente nesta ordem. Produtor de conteúdo e pensador nas horas vagas.