Os jogos dos playoffs da NBA na temporada 2022/23 vêm sendo marcados pelo alto número de reclamação em cima das decisões da arbitragem, tanto por parte de torcedores, quanto de jogadores e técnicos.
Steve Kerr, treinador do Golden State Warriors, não poupou críticas aos juízes durante toda a série de semifinais contra o Los Angeles Lakers, mas foi mais duro especialmente após o confronto em que os rivais foram para a linha de lance livre 37 vezes.
No jogo seguinte, Darvin Ham, técnico dos Lakers, ironizou o colega de profissão, mas depois do apito final, acabou fazendo exatamente as mesmas críticas. “Não sei mais o que é falta e o que não é”, desabafou ele.
De fato, os jogadores e treinadores parecem estar confusos quanto as marcações feitas pela arbitragem. No Jogo 6 entre Philadelphia 76ers e Boston Celtics, por exemplo, um dos juízes simplesmente deu dois pontos para os celtas após considerar que um toco de Joel Embiid foi interferência — enquanto isso, a própria página oficial da NBA publicou nas redes sociais o vídeo do momento com elogios ao pivô.
Ainda no mesmo confronto, a arbitragem tirou dois pontos dos Sixers porque dois lances livres não deveriam ter sido cobrados pelo camaronês, e sim por Tyrese Maxey, mesmo depois de eles mesmos autorizarem os arremessos de Embiid.
No dia seguinte, James Harden revelou que um dos juízes foi atrás dele no vestiário, ainda no intervalo, para se desculpar por não ter marcado as faltas cometidas em cima dele. “É frustrante”, afirmou o armador.
A atuação dos árbitros voltou a ser alvo de críticas no Jogo 2 entre Lakers e Denver Nuggets, nas finais da Conferência Oeste. Um toco de Anthony Davis foi vítima da mesma marcação sofrida por Embiid e citada acima. O trio de juízes conseguiu se perder até mesmo no tempo do cronômetro e nas saídas de bola.
Os torcedores do Miami Heat também se revoltaram com Rodney Mott, que apitou o Jogo 1 contra os Celtics, após um vídeo que o mostra lamentando uma cesta de Jimmy Butler viralizar nas redes sociais.
@BronGotGame just incase you guys ever get this ref , look at his face once the ball rolls in 🫡 pic.twitter.com/krXonEKOuy
— Akumpo Fan Page #34 (@ImPrinceNate) May 18, 2023
Caso de corrupção na NBA
Os diferentes critérios da arbitragem nos playoffs deste ano trazem à tona um caso de corrupção que aconteceu dentro da NBA entre 2004 e 2007 e que acabou em condenação para o então juiz Tim Donaghy.
Enquanto investigava uma família da máfia de Nova York, o FBI esbarrou em um esquema de apostas envolvendo o árbitro da liga, que dava palpites nos jogos que ele mesmo apitava.
Apesar de negar que tenha manipulado os resultados, Donaghy acabou admitindo que suas decisões em quadra foram corrompidas de acordo com as apostas feitas antes de a bola subir.
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Tim foi condenado a 15 meses de prisão ao final do julgamento, mas o próprio FBI lamentou a forma como tudo aconteceu. Quando o ex-juíz confessou suas práticas, aceitou agir como informante para um esquema muito maior ao sugerir que outros árbitros e até mesmo a própria NBA eram coniventes com as apostas ilegais.
Toda a operação secreta foi por água abaixo quando um dos agentes contou a David Stern, na época comissário da NBA. No dia seguinte, houve um vazamento na imprensa que expôs o caso de Donaghy.
O árbitro em questão acabou pagando sozinho por algo que, segundo ele, era muito maior. Em nota na época, a NBA negou o envolvimento em qualquer tipo de atividades ilícitas, colaborou com as investigações não mais secretas e conseguiu escapar do julgamento.